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Alemanha e Togo abrem nova era de relações após 18 anos

7 de dezembro de 2011

O ministro alemão da Cooperação e do Desenvolvimento visitou o Togo esta semana, onde anunciou a retoma da cooperação entre Berlim e Lomé. No último fim de semana Dirk Niebel esteve também no Burundi.

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Dirk Niebel no porto de LoméFoto: DW/Fürstenau

Suspensa há cerca de 18 anos por défice democrático, a cooperação entre a Alemanha e o Togo tem agora um novo arranque e isso aconteceu com a visita do ministro alemão da Cooperação económica e Desenvolvimento, Dirk Niebel, que se encontrou em Lomé com todos os atores políticos, económicos e sociais do país.

Dirk Niebel justificou esta aproximação com as seguintes palavras: "Com esta decisão queremos mostrar que respeitamos os progressos que foram realizados no processo democrático togolês. E queremos apoiar o Togo a enfrentar os desafios futuros."

O ministro alemão da cooperação e do desenvolvimento citou algumas áreas que considera cruciais para o desenvolvimento do Togo, nomeadamente a boa governação, a descentralização e o desenvolvimento das regiões rurais, bem como a formação profissional.

Berlim não deixa de lado o diálogo político, considerando-o indissociável do desenvolvimento do Togo, porque ele constitui um quadro ideal para os investimentos, segundo palavras do ministro alemão.

AIDS in Togo
Um dos setores que se beneficiará da cooperação alemã é o da saúdeFoto: picture alliance/imagestate/Impact Photos

Governo togolês colhe os louros

Lomé, por seu lado, diz por Robert Dussey, conselheiro diplomático do presidente togolês, Faure Gnassingbé Yadema, que "a retoma da cooperação bilateral entre os dois países é um sinal muito forte da vontade de Berlim de acompanhar todas as reformas política, económica e social, postas em prática pelo presidente Faure, para melhorar a vida da população togolesa".

Mas quem se mantém na reserva em relação aos avanços feitos pelo governo de Yadema é a oposição. Jean-Pierre Fabre, presidente da Aliança Nacional para a Mudança, considera a cooperação entre Berlim e Lomé positiva se ela beneficiar a população, mas apresenta um senão: "Infelizmente ela surge num contexto em que continuam as violações dos direitos do homem e da Constituição togolesas."

Esta formação política apela a Alemanha que acompanhe a retomada das relações, através da pressão, para que o Togo evite atentados aos direitos humanos e a violação da Constituição. Para o ministro Dirk Niebel, esta retoma das relações será efetiva a partir de 2012. Entretanto, uma primeira ajuda no montante de 27 milhões de euros foi atribuída ao Togo.

Berlim condiciona ajuda a Bujumbura

Entwicklung Burundi
Burundi, uma placa a anunciar um projeto de abastecimento de água financiado pelo banco alemão de desenvolvimento, KFWFoto: DW

Recorde-se que antes, o ministro alemão visitou o Burundi, um país que, segundo o Índice de desenvolvimento humano da ONU, está na antepenúltima posição, ou seja, um dos países menos desenvovidos do mundo. Depois de muitos anos de guerra civil, o Burundi enfrenta ainda muitos problemas ligados à reconstrução do país. Desprovido de recursos naturais e com um número reduzido de indústrias, o país tem dificuldades em encontrar os meios para o seu desenvolvimento.

Em média um burundês vive com menos de 90 euros por ano,daí que a Alemanha tenha oferecido a sua ajuda àquele país, prevendo-se que entre 2012 e 2013, o apoio de Berlim deverá situar-se nos 27,5 milhões de euros. Dirk Niebel deu a seguinte garantia: "Os projectos que lançamos em conjunto nessas diferentes áreas vão continuar e estamos convencidos de que iremos reforçar nos próximos anos a nossa ajuda financeira."

As áreas abrangidas nesta cooperação são as de aprovisionamento de água, a descentralização e o desenvolvimento económico a nível local. Também o aprovisionamento em energia e a política de saúde, fazem parte deste pacote.

Naquele país africano, onde a corrupção existe em grande escala, os investidores estrangeiros privados são escassos, apesar de uma evidente ausência de infraestruturas. A ajuda da agência alemã para a cooperação internacional, GIZ, e do banco para a reconstrução deverá ajudar a solucionar as carências.

Contudo, esses fundos serão submetidos a determinadas condições, como deixou entender o ministro Dirk Niebel: "Não vamos fornecer nenhum novo apoio ao orçamento nacional e o governo alemão decidiu condicionar os financiamentos em curso a um respeito estrito dos direitos humanos e à boa governação. Trabalhamos aqui em conjunto, mas em projetos muito concretos."

Nos seus encontros com representantes do governo, da oposição e da sociedade civil, o ministro alemão da Cooperação e do desenvolvimento exigiu que o estado de direito seja respeitado, para além de defender um reforço da Justiça e uma maior proteção dos jornalistas naquele país africano.

Autor: Marcel Fürstenau / António Rocha
Edição: Nádia Issufo / Renate Krieger