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Alemanha dá apoio a vítimas da seca no sul de Angola

António Rocha23 de agosto de 2013

O Governo alemão disponibilizou 50 mil euros para um projeto de assistência alimentar às vítimas da seca em Angola. São abrangidas cerca de 200 famílias de comunidades na província do Kuando Kubango.

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A situação é particularmente difícil para as minores étnicas, que não têm apoio do GovernoFoto: dapd

Funcionários da Embaixada da Alemanha em Luanda visitam esta sexta-feira (23.08) o município de Menongue, no Kuando Kubango, para acompanhar o projeto que está a ser realizado no terreno pela organização não governamental Mbakita, a Missão de Beneficência Agropecuária do Kuando Kubango, Inclusão,Tecnologias e Ambiente.

Fundada por antigos seminaristas e padres da diocese de Menongue, a ONG desenvolve atualmente, com o apoio da Cáritas de Angola, um programa destinado à integração social da comunidade San no município.

A Embaixada de Alemanha colabora com a Mbakita desde o início do ano. “As culturas secaram e não houve produtividade”, explicou à DW África o diretor da ONG, Pascoal Baptistiny. Por isso, foi lançado um SOS de apoio às comunidades afetadas pela seca “e a Embaixada da Alemanha respondeu ao apelo”, acrescentou.

Seca faz vítimas mortais

Ao todo, o projeto de assistência alimentar beneficia 200 famílias, que perfazem 1200 pessoas, nas comunidades de Cueio, Cuatir, Jamba e Ntyiengo. “Neste momento, a situação é muito grave”, alerta Pascoal Baptistiny, sublinhando que nas comunidades que estão a assistir já morreram duas crianças.

Alemanha dá apoio a vítimas da seca no sul de Angola

“A fome na região preocupa não só a comunidade nacional, mas também a comunidade internacional”, afirma o responsável.

Segundo Baptistiny, a situação é particularmente difícil para “as minorias étnicas, que não têm a prática da agricultura e não têm apoio direto do Governo”.

A ONG espera que a visita da delegação da Embaixada da Alemanha sirva de incentivo a outras embaixadas e agências “interessadas em salvar minorias étnicas", até porque, como lembra, o Kuando Kubango é a única província de Angola que alberga cerca de oito mil pessoas da minoria étnica San. “Se essas comunidades não forem assistidas, podem extingir-se”, alerta Pascoal Baptistiny.

Além da entrega de alimentos às vítimas da seca, estão previstos no projeto financiado por Berlim reuniões com as comunidades, encontros com as autoridades sanitárias e outras atividades informativas sobre higiene e saneamento básico.

Demolições em Menongue

A Mbakita foi uma das organizações que criticou as demolições levadas a cabo em abril passado pelas autoridades angolanas e que deixaram desalojadas várias famílias da cidade de Menongue, capital da província do Kuando Kubango.

Angola Rohstoffe
As demolições em Angola separam famílias e deixam muitas crianças sem escolaFoto: DW/Renate Krieger

De acordo com Baptistiny, a Mbakita alertou a Amnistia Internacional, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e as embaixadas para as demolições, que afetaram cerca de 40 famílias, num total de 500 pessoas. “Em função disso, Genebra escreveu ao Governo de Angola a condenar esse tipo de ato” e ultimamente não tem havido demolições em Menongue, acrescentou o diretor da ONG.

O que preocupa a organização neste momento é a proibição de motas em Menongue. “A cidade está cheia de polícias de intervenção rápida para proibir os motoqueiros”, conta, explicando que as populações recorrem às motas porque não há transportes públicos suficientes. “Os motoqueiros são alvejados a tiro e isso deixa-nos muito preocupados”, confessa.