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Alemanha apoia intervenção militar francesa no Mali

14 de janeiro de 2013

Suporte, no entanto, é apenas político, logístico ou humanitário. Para Berlim, enviar soldados alemães para combater no Mali está fora de questão, disse ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.

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Jato Rafale da França pousa em N'Djamena, no Chade, antes de ser enviado ao Mali (13.01)
Jato Rafale da França pousa em N'Djamena, no Chade, antes de ser enviado ao Mali (13.01)Foto: Reuters

A Alemanha apoia a intervenção militar da França no Mali ao nível político. Para o governo alemão, Paris está a lidar com a situação no terreno de forma correta e consequente, ao impedir o avanço dos militantes islamitas que rumam à capital, Bamaco.

Mas enviar soldados alemães para combater no Mali não é uma opção, sublinhou nesta segunda-feira (14.01) o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle. "O governo federal decidiu entrar em diálogo com a França para saber como podemos apoiar o esforço francês, sem ser através do envio de tropas de combate. Por exemplo, a nível político, logístico, ao nível da assistência humanitária ou médica. Nós, europeus, temos um interesse comum em garantir que o Mali não se torne num paraíso do terrorismo, aqui mesmo à nossa porta".

Este posicionamento do governo alemão também é apoiado pela oposição. Até agora, há apenas uma ou outra voz mais crítica das fileiras do partido A Esquerda (Die Linke) ou do Partido Verde.

Entre os políticos alemães, um dos poucos que, à partida, não exclui a hipótese de uma intervenção militar da Alemanha no Mali é Andreas Schockenhoff. Ele é especialista em política externa da bancada dos cristãos-democratas (CDU, partido da chanceler Angela Merkel e maioritário na coligação de governo) na Câmara Baixa do parlamento alemão, o Bundestag. Segundo Schockenhoff: deve-se evitar o mais cedo possível que o Mali se torne numa "fonte permanente de perigo para a Europa".

França tem mais possibilidade de ação, diz governo alemão

O ministro das Relações Externas da Alemanha, Guido Westerwelle: governo discute ajuda à França no Mali, mas descarta apoio militar
O ministro das Relações Externas da Alemanha, Guido Westerwelle: governo discute ajuda à França no Mali, mas descarta apoio militarFoto: Johannes Eisele/AFP/Getty Images

A decisão do governo da Alemanha de não enviar tropas de combate para o Mali vai na mesma linha da União Europeia.

Por que é que a França colocou, então, militares a combater no Mali? Para Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, é óbvio: "Devido à sua tradição, à história, à ligação com esta parte de África e também devido ao atual estacionamento das tropas nos países vizinhos do Mali, é evidente que a França tem muito mais possibilidades de ação."

Segundo Seibert, teria sido precisamente por isso que o governo do Mali pediu ajuda militar especificamente à França e não à Alemanha.

De acordo com o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, a França é o único país que tem condições de impedir que os militantes islamitas conquistem o sul. À guerra desigual liderada pelos islamitas, seria mais fácil responder com as forças que já estão no terreno, ou seja, os militares franceses.

"Rosto africano"

Aboudou Toure Cheaka, da CEDEAO: Comunidade enviará soldados ao Mali nesta segunda-feira (14)
Aboudou Toure Cheaka, da CEDEAO: Comunidade enviará soldados ao Mali nesta segunda-feira (14)Foto: Reuters

A esse propósito, Berlim diz ainda que a intervenção no Mali devia ter um "rosto africano" o mais depressa possível. A Alemanha quer apoiar os esforços políticos e militares da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para estabilizar a situação no terreno.

Desde março de 2012, depois de um golpe de Estado militar que criticou o então governo pela fraca atuação diante de grupos islâmicos e tuaregues independentistas no norte do Mali, a região é dominada principalmente por grupos radicais islâmicos que agora avançam para o sul.

Para já, há também a intenção de enviar uma missão da União Europeia de 200 militares para dar formação às forças militares malianas. No Ministério dos Negócios Estrangeiros, a ideia não foi abandonada e diz-se mesmo que o envio de uma missão desse género deve ser acelerado.

Porém, isso não teria relevância para a situação atual do país, mas sim para o futuro. De acordo com o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, antes de enviar essa missão de formação é preciso saber quem lidera o país. "Golpistas não podem ter a última palavra", disse.

Pessoal militar da França trabalha num avião de combate em N'Djamena (Chade), antes de ser enviado ao Mali
Pessoal militar da França trabalha num avião de combate em N'Djamena (Chade), antes de ser enviado ao MaliFoto: Reuters

Nesta segunda-feira (14.01), a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional também divulgou comunicado pedindo que "todas as partes envolvidas no conflito armado no Mali precisam de assegurar a proteção de civis", no âmbito da intervenção francesa. De acordo com a vice-diretora do departamento África da AI, Paule Rigaud, as forças envolvidas deveriam evitar ataques e bombardeamentos indiscriminados a todo custo.

"A comunidade internacional tem a responsabilidade de evitar um aumento de abusos durante esta nova fase do conflito", disse Rigaud, segundo o texto da AI, que ainda pede que as forças francesas alertem os civis o quanto antes sobre ataques.

Autor: Bernd Gräßler (Berlim)/Guilherme Correia da Silva/RK
Edição: António Rocha

Alemanha apoia intervenção militar francesa no Mali