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Afeganistão: Múltiplos ataques em dia de eleições

Lusa | AFP | AP
20 de outubro de 2018

Pelo menos 13 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na sequência de explosões na capital Cabul. As eleições legislativas, há muito adiadas, decorrem este sábado (20.10) no país num ambiente de caos.

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Afghanistan Parlamentswahlen
Foto: Getty Images/AFP/F. Zahir

Cerca de 8,8 milhões de cidadãos foram, este sábado (20.10), chamados às urnas no Afeganistão. No entanto, e a confirmar o medo de muitos, o clima foi de insegurança, tendo ocorrido mais de 30 incidentes.

O Ministério do Interior do país informou ter registado, só na região da capital Cabul, "15 ataques inimigos", a maior parte explosões com engenhos artesanais e tiros de roquetes. Segundo Mohibullah Zeer, porta-voz adjunto do Ministério da Saúde, os ataques estão a ocorrer juntos às assembleias de voto.

Reforço da segurança

O ministro do Interior do país anunciou que o número de tropas das Forças Nacionais de Segurança destacados para garantir a segurança das 21 mil assembleias de voto foi reforçado. Estavam previstos 50 mil militares em todo país e passaram a 70 mil.

Esta manhã, o presidente afegão, Ashraf Ghani, deu o exemplo e votou numa escola da capital. No final, apelou aos seus compatriotas para "saírem e votarem". Em resposta ao seu apelo, os eleitores formaram longas filas de espera em Cabul e arredores, o que acabou por gerar problemas nos locais de votação.

Afghanistan Parlamentswahlen
Foto: Getty Images/AFP/F. Zahir

Alguns centros de voto não abriram por razões de segurança. Mas outros, dão conta da ocorrência de problemas técnicos, como a falta de membros nas mesas de voto, falhas nas leis eleitorais ou mau funcionamento dos terminais de registo biométrico colocado nos locais e utilizado pela primeira vez no país.

À DW, um observador eleitoral da província de Cabul afirma que "está tudo em falta" e que os sistemas que [o governo] implementou não estão a funcionar". Sami Mahdi,  candidato parlamentar na capital, acusa a comissão eleitoral de "má administração", denunciando casos de "fraude" que devem ser analisados posteriormente.

À agência de notícias France Presse, Mohammad Alem, estudante universitário, afirma que se sentiu "frustrado" depois de ter passado mais de três horas na fila para votar, na cidade de Mazar-i-Sharif, no norte do país, para quando chegou a sua vez descobrir que o seu nome não constava na lista. "Também houve alguns problemas com os dispositivos biométricos porque estavam a ficar sem bateria", contou.

Entretanto, em resposta à situação, a Comissão Eleitoral Independente, que organiza o escrutínio, prometeu que os horários dos centros de voto serão prolongados.  E em algumas assembleias, nas quais os materiais eleitorais chegaram atrasados, as eleições serão adiadas para domingo (21.10).

Eleições adiadas em algumas províncias

Pelo menos dez candidatos, e dezenas de pessoas envolvidas no processo eleitoral, foram mortos nos últimos meses, na sequência de ataques terroristas. Na província de Kandahar, no sul do país, as eleições legislativas previstas foram adiadas uma semana depois de, na quinta-feira (18.10), o governador da província, o chefe da polícia e o dos serviços de informações terem sido mortos pelos talibãs. O comandante das forças da NATO no Afeganistão encontrava-se também no local, mas saiu ileso, no entanto, um jornalista foi também abatido e 13 outras pessoas ficaram feridas.

Também na província de Ghazni, cuja capital foi invadida recentemente pelos talibãs, as eleições serão realizadas na próxima semana.

As eleições legislativas deviam ter-se realizado em 2016, mas questões relacionadas com a falta de segurança no país ditaram o seu adiamento. O escrutínio deste sábado (20.10) é considerado crucial para determinar se o país tem condições para realizar as eleições presidenciais no próximo ano.

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