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A vida das famílias deslocadas na província de Inhambane

Luciano da Conceição (Inhambane)15 de junho de 2016

Mais de 500 famílias abandonaram as suas residências na localidade de Pembe, distrito de Homoine, na Província de Inhambane devido a crise político-militar desde 2014. Pembe está práticamente abandonada.

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Ehemalige Bewohnerin der Ortschaft Pembe, Distrikt Homoine, Provinz Inhambane, Mosambik
Foto: (c) DW/L. da Conceição

Tudo começou em Janeiro de 2014, quando se registaram os mais duros confrontos entre forças governamentais e homens armados da RENAMO: no seio da comunidade da pequena localidade de Pembe houve, na altura, uma grande agitação e mesmo muito medo, o que levou muitas famílias a fugir para lugares considerados mais seguros.

Atualmente restam poucas famílias nas zonas de Pembe e Catine. As escolas existentes têm fraca afluência e o comércio está praticamente às moscas.

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A DW África visitou a região e viu, um pouco por todo o lado, nítidos sinais de abandono. A diretora pedagógica adjunta da escola primária completa de Pembe, Albertina Matsimbe, afirma que muitas crianças saíram com os seus pais para outras zonas, consideradas mais seguras, e lá construíram novas casas: “Muitos alunos abandonaram Pembe e matricularam-se noutras escolas. Agora já não é fácil eles regressarem, pois eles agora frequentam as escolas de Chijuirre, Hanhane, Phacule e outras regioes”.

Pouco movimento: comércio local morto

Felizarda Svanguane, comerciante desde 2009 na região de Pembe, confirma a saída de muitas pessoas e queixa-se da falta de clientes: “Agora não há movimento nas bancas e lojas, as pessoas quando saíram desde que surgiu aquele problema do conflito armado em 2014 não voltaram, aqui há muitas casas sem ninguém a habitar.”

Na vila sede de Homoine, mais precisamente em Ndambine, o governo local criou um bairro de reassentamento onde estão acomodadas pouco mais de duzentas famílias. Patrícia Fungai e Eugenia Savanguane, duas das moradoras deste bairro de reassentamento, dizem que perderam todos os seus bens. Contam que saíram com muita pressa em 2014, por temerem serem mortas "por forças governamentais ou membros da guerrilha da RENAMO": “Saímos de Pembe para a vila de Homoine porque não havia segurança na região. Tivemos que vender o gado que tínhamos, de modo a pagar o transporte de outros bens", afirma Patrícia Fungai. “Não tenho saudades de voltar mais para Pembe”, afirma ainda Eugenia Savanguane.

Verlassenes Haus in der Ortschaft Pembe, Distrikt Homoine, Provinz Inhambane, Mosambik
Uma das muitas casas abandonadas na localidade de Pembe, distrito de Homoine, província de InhambaneFoto: (c) DW/L. da Conceição

"Pembe precisa de uma nova contagem de habitantes"

Casas abandonadas, machambas sem ninguém e salas de aulas com poucos alunos: a situação levou o governo provincial de Inhambane a optar pela realização de um censo populacional a partir de 1 de Agosto de 2016. Neste momento já estão a ser recrutados jovens para os trabalhos do censo, segundo conta Carlos Masango, porta-voz da secretaria do Posto administrativo local.

“De 1 a 15 do mês de Agosto, vai se fazer o recenseamento da população para conhecer o numero total das pessoas que vivem aqui ao nível do posto administrativo de Pembe”, explica Carlos Masango. Por sua vez, a administradora do distrito de Homoine, Josina Chissico, confirma que já não existe muita gente a viver no posto administrativo de Pembe desde 2014, "devido à presença das duas forças armadas". Nestes últimos meses não houve, no entanto, registo de confrontos militares, lembra a administradora: “No entanto há que dizer que nós temos grandes problemas em Pembe, porque a população foi movimentada de lá de qualquer maneira. As pessoas foram viver em outras zonas, por isso está-se a fazer o censo para podermos saber quantas pessoas existem. É que muitos já estão a viver em Chijuirre, no bairro da expansão”, referiu Administradora de Homoine.

Verwaltungsgebäude des Distrikt Homoine, Provinz Inhambane, Mosambik
A administração do distrito de Homoine quer saber quantas pessoas ainda vivem em PembeFoto: (c) DW/L. da Conceição