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A queda do líder sul-africano Julius Malema

8 de fevereiro de 2012

O líder da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), Julius Malema foi suspenso do partido por cinco anos por desrespeito à liderança. O controverso líder ainda terá futuro político?

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ARCHIV - Der Chef der Jugendliga des Afrikanischen Nationalkongress (ANC), Julius Malema, aufgenommen am 20.09.2010 in Durban. Die südafrikanische Regierungspartei ANC hat die Suspendierung des Parteirebellen Julius Malema vorläufig bestätigt: Der Chef der ANC-Jugendliga habe dem Ansehen der Partei tatsächlich geschadet, so der Disziplinarausschuss des ANC am Samstag (04.02.2012) in Pretoria. Foto: Jon Hrusa dpa +++(c) dpa - Bildfunk+++
Julius Malema, o líder suspenso da Liga da Juventude do ANCFoto: picture-alliance/dpa

Julius Malema perdeu o recurso apresentado contra a suspensão de cinco anos do ANC, que lhe foi imposta em novembro passado por indisciplina. O que mais caracteriza a sua atuação pública são as suas afirmações controversas e provocantes como esta: “Um líder pode projetar-se com avanços como a transformação económica radical e a transferência de riqueza das minorias para as maiorias, sem vergonha e sem intenção de agradar à Grã-Bretanha ou a quaisquer outros colonialistas.”

A provocação era dirigida também à liderança do seu próprio partido. No início do ano passado, Malema esteve em pé de guerra com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. O jovem, que começou por ser um dos principais aliados de Zuma, acusou-o de ignorar os sul-africanos pobres que o levaram ao poder, em 2009. E criticou-o por não ter introduzido mudanças fundamentais como a nacionalização dos recursos naturais e das matérias primas, nomeadamente ouro e diamantes, assim como minas e terras, de modo a beneficiar a maioria da população negra.

ARCHIV - ANC-Chef Jacob Zuma während einer Wahlkampfveranstaltung in Pietermaritzburg (Südafrika) am 04.02.2009. Südafrikas ANC wird 100 Jahre alt. Die älteste Befreiungsbewegung Afrikas ist stolz auf ihre Erfolgsgeschichte. Aber das Erbe des Staatsgründers Nelson Mandela ist in Gefahr. Nach 18 Jahren Regierungsmacht ringt der ANC um seine Identität. EPA/JON HRUSA (zu dpa vom 05.01.2012) +++(c) dpa - Bildfunk+++
O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, ganhou o braço de ferro com MalemaFoto: picture-alliance/dpa

O ataque ao Presidente Zuma

Malema também acusou Zuma de não dar seguimento à agenda africana iniciada pelo ex-presidente, Thabo Mbeki, que promoveu o estatuto de independência dos países africanos em questões internacionais contra qualquer influência de ex-potências coloniais e também da Europa e dos Estados Unidos. Malema afirmou: “O presidente Mbeki opunha-se diretamente a esse tipo de conduta e, desde a sua saída, temos assistido a um declínio.”

Comentários como este e o facto de ter exigido a mudança de regime do presidente Ian Khama no vizinho Botswana, fizeram com que Malema fosse considerado culpado de indisciplina e suspenso por cinco anos do ANC, no final de 2011. O carismático líder e outros cincos dirigentes da organização recorreram da decisão do partido, mas o Comité Disciplinar de Apelação, liderado pelo ex-secretário-geral do ANC Cyril Ramaphosa, confirmou as suspensões.

In this photo provided by the Nelson Mandela Foundation and taken on Friday, June 17, 2011, former South African President Nelson Mandela reads an advance copy of his latest book titled "Nelson Mandela By Himself" , at this home in Johannesburg, South Africa. A new Mandela book, slim, bound in black and set in eye-straining type, was released on Monday, June 27, 2011. (AP Photo/Nelson Mandela Foundation, Debbie Yazbek) EDITORIAL USE ONLY
Afastado da política há vários anos, Nelson Mandela não reconheceria hoje o partido que ajudou a fundarFoto: AP

Condenado a ser esquecido

O Comité classificou os argumentos de Malema contra a sua suspensão como “ingénuos, absurdos e ridículos”. E Ramaphosa deixou claro que a decisão tomada foi unânime. Julius Malema foi considerado culpado de semear divisões não só no seio do ANC, mas também entre a população multirracial da África do Sul.

As reações à evolução recente da situação de Malema são mistas e a maioria dos analistas diz que o jovem será cada vez mais isolado. Lesifo Tefo, professor de ciências políticas na Universidade da África do Sul, em Pretória, preconiza: “Em breve ele irá perceber que quando os dias são escuros, os amigos são realmente poucos. Deverão ser ouvidas muito poucas vozes em sua defesa, que em pouco tempo serão esquecidas.”

Julius Malema surgiu no cenário político da África do Sul há cerca de quatro anos, quando se colocou ao lado de Zuma e fez campanha pela queda do ex-presidente Mbeki. Era visto como alguém corajoso e sem papas na língua. Mas a maré da sua sorte mudou e parece que poucos irão sentir falta de Malema, incluindo as pessoas que chegaram ao poder com o seu apoio.

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ANC = Acumulação, Nepotismo e Clientelismo, na opinião não apenas dos caricaturistasFoto: DW

Autores: Subry Govender/Madalena Sampaio
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha