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A Gâmbia aguarda a partida de Jammeh

AFP | AP | gs
21 de janeiro de 2017

Banjul é uma cidade calma depois de Yahyha Jammeh ter anunciado, na sexta-feira (20.01), que deixaria o poder.

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Gambia Siegesfeiern nach Vereidigung von Adama Barrow
Foto: picture-alliance/AA/X. Olleros

A noite foi tranquila na capital, Banjul. Os gambianos aguardam a partida para o exílio do ex-Presidente Yahya Jammeh que, na sexta-feira (20.01), anunciou que se retirava. 

"Decidi, em boa consciência, deixar a direção desta grande nação, com um infinito agradecimento a todos os gambianos", afirmou Jammeh, de 51 anos, num discurso transmitido pela televisão.

A decisão foi anunciada depois de 11 horas de discussões com os Presidentes da Mauritânea, Ould Abdel Aziz, e da República da Guiné, Alpha Condé. Foi o último esforço, mesmo depois de ter terminado o ultimato dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a saída de Jammeh.

Gambia Ex-Präsident Yahya Jammeh
Só depois de longas conversações com os dirigentes da Mauritânea e Guiné-Conacri, Jammeh decidiu ceder o poderFoto: Reuters/T. Gouegnon

Nas conversações, apoiadas pela CEDEAO, foi alcançado um acordo para a saída de Jammeh que, contudo, na manhã deste sábado (21.01) ainda não tinha sido assinado.

O documento "prevê a partida de Yahya Jammeh da Gâmbia para um país africano com todas as garantias para ele e para a sua família. Poderá regressar ao seu país quando e como quiser", declarou o Presidente Ould Abdel Aziz à sua chegada à Mauritânea, segundo a agência oficial de notícias.

Entretanto, ativistas dos direitos humanos exigem que Jammeh seja responsabilizado pelos alegados abusos dos direitos humanos que cometeu durante os 22 anos em que dirigiu os destinos da Gâmbia.

Difícil transição de poder

Yahya Jammeh saiu derrotado das eleições de 1 de dezembro. Reconheceu a derrota e felicitou o vencedor, Adama Barrow. Contudo, alguns dias mais tarde, a 9 de dezembro, Jammeh mudou de ideias. Recusou-se a reconhcer os resultados eleitoriais e exigiu novas eleições.

Gambia Siegesfeiern nach Vereidigung von Adama Barrow
Gambianos comemoraram a tomada de posse de Adama Barrow a 19 de janeiroFoto: Reuters/A. Sotunde

O seu partido apresentou uma petição ao Supremo Tribunal pedindo a anulação do escrutínio, citando diversas irregularidades. O próprio Jammeh enviou também uma petição ao Supremo pedindo a anulação da tomada de posse de Adama Barrow até que a justiça se pronunciasse sobre o pedido de anulação das eleições de 1 de dezembro. Contudo, o Supremo Tribunal anunciou que não tinha como analisar as petições, devido à falta de juízes.

Isolado, Jammeh continuava a não mudar de ideias, apesar dos inúmeros esforços dos líderes da CEDEAO. Na tarde de quinta-feira (19.01), tropas de vários países África Ocidental entraram em território gambiano. A operação foi lançada depois de Adama Barrow ter tomado posse na embaixada gambiana em Dacar, no Senegal.

Os esforços da CEDEAO acabariam por surtir efeito na sexta-feira (20.01), com o anúncio de uma transição de poder pacífica.

Devido ao medo de violência no pequeno país da África Ocidental, cerca de 45 mil pessoas já tinham fugido, sobretudo rumo ao Senegal, segundo a Agência da Organização das Nações Unidas para os Refugiados.