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Ativistas do "Movimento Revolucionário" detidos em Benguela

Nelson Sul D'Angola (Benguela)4 de abril de 2016

Autoridades angolanas detiveram, em Benguela, 12 ativistas do "Movimento Revolucionário" quando estes se preparavam para iniciar protesto contra a condenação dos 17 ativistas angolanos. Os 12 detitos já foram libertos.

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Nelson Mayame (à esquerda) e Manuel Mateus (à direita)Foto: DW/N. Sul D'Angola

O protesto desta segunda-feira (04.04.) que visava apelar ao Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, para a libertação dos 17 ativistas, havia sido proibida pelo governador de Benguela, Isaac dos Anjos, que considerou o motivo da manifestação, um atentado à separação dos poderes em Angola e prometeu levar a Tribunal os jovens caso saissem às ruas.

Os ativistas, com idades compreendidas entre 20 e 33 anos, foram surpreendidos por cerca de 50 agentes da Polícia da Ordem Pública e de Intervenção Rápida, minutos antes da hora marcada da abortada manifestação e levados para a primeira esquadra do Comando Municipal de Benguela. Manuel Mateus, mais conhecido por Max, participou neste evento mas encontra-se atualmente em liberdade.

O ativista explica como tudo aconteceu: "Quando eram por falta das 9h e 30 minutos, numa altura em que faltavam 30 minutos para o início da nossa atividade apareceram três carros de patrulhas da policia, pegaram em alguns dos ativistas e levaram-nos nos carros".

Protest in Benguela, Angola
Protestos em Benguela (maio 2015)Foto: DW/N. Sul d'Angola

Ativistas que escaparam receiam voltar a casa

Alguns dos jovens ativistas que escaparam da detenção encontram-se neste momento em local incerto, enquanto outros, evitam regressar às suas casas temendo que venham a ser detidos ou raptados.

Apesar das constantes perseguições, o ativista Manuel Mateus diz que o movimento vai continuar a exigir mudanças políticas no país, acrescentado que esta é uma tarefa auspiciosa por estar em causa a luta contra um colono negro.

"Quando se fez a luta correndo com o colonialismo, os nossos avós pensaram em nós, e temos que fazer algo para que os nossos filhos venham viver tranquilos. Agora, se a gente disser que vamos ficar descansados, sabemos que isso só vai piorar. E também não só. Temos dito que essa luta é uma luta mais dura porque estamos a lutar contra um colono negro", afirmou Manuel Mendes.

Nelson Mayame, que já havia sido detido e condenado em novembro passado, pelo Tribunal do Lobito, por distribuir panfletos, é outro ativista que escapou da detenção desta segunda-feira. O ativista conta que no total foram detidos 12 ativistas do autodenominado Movimento Revolucionário de Benguela.

12 ativistas do autodenominado Movimento Revolucionário detidos em Benguela já foram libertos

"São 12 membros que estão detidos neste momento, por termos pretendido fazer uma manifestação, uma vez que os nossos irmãos estão presos desde o dia 20 de junho de 2015", diz Nelson Mayame.

A DW África contactou sem sucesso o intendente Pinto Caimbombo, porta-voz do Comando da Polícia Nacional em Benguela. Entretanto, fontes policiais garantiram à que os jovens ativistas deverão ser apresentados na quarta-feira (06.04) no Tribunal Provincial de Benguela, para julgamento sumário.

Próxima manifestação em Luanda

Enquanto isto, em Luanda está igualmente prevista uma manifestação no próximo dia 9 de abril, numa altura em que o ativista Nuno Álvaro Dala, cumpre esta segunda-feira (04.04), 28 dias de greve de fome reivindicando melhorias no atendimento à sua situação de saúde e para reaver os seus meios, como cartões de créditos e documentos pessoais, apreendidos por altura das detenções.